O câncer é um problema de saúde pública e a rede social de apoio é uma das principais fontes de suporte aos pacientes.
Entende-se rede social como uma “teia de relações” que interligam os indivíduos, fornecendo apoio significativo, podendo ser composta por familiares, amigos e/ou cuidadores.
A vivência do câncer e dos seus diferentes estágios de tratamento traz repercussões físicas, psicológicas e sociais diversas e exige dos pacientes capacidade de adaptação e enfrentamento (Elmescany, 2010). Um dos fatores que auxilia o enfrentamento é a presença de uma rede social de apoio funcional (Cavini & Gaspar, 2013).
No momento em que o paciente está diminuindo o vínculo com a equipe de saúde de referência há uma perda, um luto. O luto se dá pelo fato do paciente estar deixando uma rotina que foi importante em sua vida para retornar para sua própria realidade externa. Os vínculos formados dentro do espaço de saúde de referência começam a reduzem na intensidade em que existiam durante a rotina de tratamento. O paciente deixa de ser paciente e passa a ser quem concluiu aquele ciclo do tratamento e a partir disso irá dar continuidade aos cuidados de saúde necessários e indicados pela Equipe Médica.
Diante disso, as referências de apoio e acolhimento se modificam. A família e/ou cuidadores que estão próximos serão agora a rede de apoio primordial para que a retomada da rotina sem o tratamento contínuo possa ocorrer gradualmente e com mais conforto.
O apoio social, portanto, possui uma dimensão informativa ou de recursos que serão fornecidos por membros da rede social, que podem gerar efeitos físicos, emocionais e comportamentais benéficos para o indivíduo e o seu grupo (Sanchez, Ferreira, Dupas & Costa, 2010). O apoio social pode ser visto como uma relação de troca e de envolvimento entre quem presta apoio e quem recebe apoio. Trata-se de uma relação de reciprocidade, uma ajuda mútua que pode ser significativa, ou não, dependendo do grau de integração da rede (Lacerda, 2010; Leonidas, 2012).
Por isso, durante o tratamento oncológico é extremamente importante fortalecer os vínculos da rede de apoio do paciente, sejam familiares ou não, para que essas pessoas de referência sejam a extensão dos profissionais cuidadores no período pós alta.
Assim como no período inicial em que há uma mudança de rotina para que o tratamento se encaixe na vida do paciente, no momento da alta também há uma necessidade de se readequar à nova rotina, com os vínculos e as emoções. Sendo assim, na alta do paciente, há necessidade de acolhimento, apoio, e cuidado da sua própria rede de apoio para que gradualmente ele reforce a autoconfiança e as sua capacidade de autonomia emocional. Quando pensamos em rede de apoio ao paciente, também estamos pensando em cuidado continuado com o paciente.
Psicóloga Especialista em Oncologia Vivianne R. Almeida
CRP: 07/25178