03/10/2021 às 20:27 Câncer de Mama

SOBRE O LUTO E AS MUDANÇAS COM O ADOECIMENTO

435
3min de leitura

SOBRE O LUTO E AS MUDANÇAS COM O ADOECIMENTO

O diagnóstico oncológico traz modificações na vida dos pacientes podendo gerar impactos físicos e emocionais. Com isso é necessário pensar de que forma isso ocorre.

Há perdas internas que podem gerar desorganização emocional nesse momento. Podemos pensar que existe um luto na descoberta de um diagnóstico clínico por ser necessário sair de um lugar habitual para um novo. O LUTO nada mais é do que um processo que acontece como uma resposta de dor, de uma desorganização muito grande diante da perda de algo ou alguém. Não é apenas sobre pessoas, mas também sobre coisas perdidas, rotinas, hábitos. Então não é necessariamente sobre o que, mas sim sobre o grau de importância que aquela situação ou pessoa tem na tua vida. O que é luto para mim pode não ser luto para ti.

Vivenciar o luto em todas as suas fases é necessário e dentro desse processo será preciso observar os movimentos entre dois lugares: RESTAURAÇÃO e PERDA. Sabe a onda do mar? Aquele movimento indo e vindo o tempo todo? é isso. Quando a onda vai em direção à areia é quando eu vou em direção “a vida” no meu luto e consigo realizar minhas tarefas diárias, me adaptando de forma mais confortável. É quando eu consigo lembrar que eu tenho uma conta para pagar, que eu consigo me alimentar, que eu consigo fazer a minha rotina. Quando no meu luto eu vou em direção ao fundo do mar é o movimento em direção à perda, momento mais difíceis emocionalmente mas importantes de ser vivenciados. Falar de luto é falar da vivência de muitas emoções que oscilam constantemente por um período.

Vocês devem estar se perguntando: “Como posso ajudar alguém que está vivenciando o Câncer diante desse processo de perdas e readaptações?”

Existe uma tendência natural de na tentativa de ajudar alguém que recebeu um diagnóstico recentemente ou que irá iniciar um tratamento, tentar tirar essa pessoa daquele lugar de dor. E essa é a pior forma que a gente pode conduzir. O que as pessoas precisam é ser acolhidas e poder suporta a dor da mudança e a inconformidade com o que não desejam viver, isso será parte fundamental no processo. A melhor conduta nesse caso é “EU ESTOU AQUI. EU ESTOU COM VOCÊ”. “TÁ INSUPORTÁVEL PARA VOCÊ, MAS EU TÔ AQUI”. O nosso papel com quem está vivenciando o câncer é de amparo, é suportar a raiva, a indignação, a tristeza, o medo, a esperança, o alivio, JUNTO.

Caso percebas que existe uma intensidade e/ou um tempo de permanência de alguém em um lugar desadaptativo, é hora de pensar sobre e orientar a procura de um profissional de saúde mental para auxiliar esse processo (Psicólogos e/ou Psiquiatras). O desadaptativo está em não conseguir realizar tarefas básica do dia a dia. Vale lembrar que não tem certo e não tem errado, cada um vivenciará o adoecimento de forma subjetiva.

Luto É CONSTRUÇÃO, ELABORAÇÃO E READAPTAÇÃO.

Psicóloga Especialista em Oncologia Vivianne R. Almeida

 CRP: 07/25178
03 Out 2021

SOBRE O LUTO E AS MUDANÇAS COM O ADOECIMENTO

Comentar
Facebook
WhatsApp
LinkedIn
Twitter
Copiar URL

Tags

adoecimento câncer de mama câncer e perdas diagnóstico oncológico IBA Instituto Buquê de Amor luto mudanças Pelotas readaptações

Quem viu também curtiu

02 de Mar de 2022

REDE DE APOIO EM PACIENTES ONCOLÓGICOS PÓS ALTA

05 de Out de 2021

Você tem observado suas mamas?